É HOJE!

É hoje o nosso primeiro dia com um evento em Lisboa, no The Marvila Bakehouse.

Antes do burnout, o mundo não chegava para mim, para o que eu queria para a BAUY. Queria lojas em shoppings, queria festas grandes em discotecas, queria publicidades gigantes em festivais... Exigente, não? Aliás… “estás a viajar na maionese, miúda!”

Não, não estava. A minha luta interna comigo mesma, a querer dar uma chapada de luva branca a todas as pessoas que me disseram que não ia conseguir viver de qualquer área ligada às artes… a minha vontade era tanta, tanta, que me esqueci de viver, de desfrutar, de sentir alegria no caminho, de sentir prazer no inventar, no idealizar, no produzir.

BAAAAH, fiquei cega. Ceguei completamente.

Antes da Bauy fui fotógrafa de casamentos e de moda — e das boas, eheh — como podem ver aqui em baixo. Era convidada por revistas, pela televisão para ir falar… Tudo acontecia. Porquê?


Porque era livre de cabeça. Abri empresa com 20 anos, era miúda, a opinião dos outros era zero para mim, porque ainda estava a viver aquela fase meio adolescente de “eu é que sei”. Então cheguei a pontos muito altos.


Quando começaram a ficar altos, começou a chegar uma visita que eu nunca convidei a entrar, mas ela entrou sem permissão e começou a assombrar-me. Começou a entrar a necessidade da validação do outro, a necessidade de conquistar cada vez mais e mais… porque já tinha conquistado tanto, agora tinha de manter o nível e o aparato.
Mas a minha cabeça de 27 aninhos, nessa altura, pensou: “Naaaa”. Eu deixei de trabalhar por prazer, passei a trabalhar para o ego. Então larguei tudo. Despedi-me publicamente. As plataformas de casamentos, na altura, fizeram disso notícia: “Diana Nobre deixa os casamentos”…

Comecei a Bauy com uma paz, um amor incríveis. Mas depois, de fininho, começaram a chegar visitas: a comparação, o sentimento de inferioridade em relação a outras marcas, a exigência comigo própria, horas extras de trabalho, objetivos por cima de objetivos — sem acabar um, já começava o outro.
Obsessão por conteúdo de marcas e bloggers, fazer eventos e pensar “tenho de ter uma fila de gente à porta, como esta e aquela marca tiveram”.
Até que, em outubro de 2024, estou a levar a minha filha a um aniversário de um amiguinho e caio redonda em pleno parque. Ali foi o primeiro aviso do meu corpo de que tinha de mudar.

Vamos saltar uns capítulos, que mais tarde um dia conto…

E cá estou eu, depois de meses de baixa, a fazer um evento. Porquê?

Fizeram-me a proposta de ser uma colaboração win-win, eu aceitei. Eu não fiz absolutamente nada.
E aqui foram os meus anjinhos a darem-me uma aula:
“Vá Diana, aprende a confiar no trabalho dos outros, porque também há pessoas competentes. E, para além disso, Diana, vamos aprender a deixar a expectativa de lado e viver apenas no prazer do que gostas de fazer. Vamos ver se consegues?”


E acho que consegui. Estou sentada agora no meu sofá. Fiz os vasos por diversão, porque os queria fazer assim.


Têm coerência e fio condutor de coleção, como se espera numa exposição?
Não, não têm. Mas é aqui que está a aprendizagem dos meus anjinhos — que só no final do dia é que vou perceber se aprendi todas as lições desta aula.

✔️ Peças feitas como eu queria e não como estão as tendências
✔️ Libertar-me da obrigação de ter de encaixar na caixinha da sociedade, onde todas as exposições e coleções têm de ter um fio condutor
✔️ Confiar que façam tudo por mim, sem eu ver, sem eu estar
✔️ Respeitar o meu corpo e ir até onde posso. Comprometi-me com 100 desenhos, mas desculpem… consegui fazer 64. É um “mas” grande, porque perdoei-me por não ter conseguido os 100
✔️…
✔️…

Os outros “checks” não sei. Vamos ver quando o evento começar — como me vou sentir, o que vou esperar, o que vou expectar, se me vou desiludir mesmo sem querer ou se me vou surpreender demais porque consegui ganhar o “não ter expectativa”.
Só no final do dia é que vou saber se ganhei esta.

Com amor,
Diana

Evento organizado por: The Laand Events

21 de novembro de 2025 — Diana Nobre