Vamos lá aqui esclarecer uma coisa; penso que o ser humano ainda não entendeu bem…

Pagares pouco por um serviço ou produto NEM SEMPRE é sinónimo de má qualidade.

A que se deve este tema? Ora vamos lá...

Desde o meu amado burnout, eu tenho testado coisas: vários tipos de arte, vários tipos de venda, vários tipos de comunicação, etc. Experimentei a Vinted — aliás, foi uma grande ajuda para mim no início do meu burnout. Estava eu com mais de 600 peças de roupa, mais não sei quantos acessórios, e de repente fico de baixa… não conseguia trabalhar, não tinha cabeça para lidar com trocas, encomendas que não chegaram, etc. A Vinted foi a minha salvação para me livrar de tudo. 🙏


Eu queria livrar-me de tudo o que tinha, quis que esta paragem fosse um recomeçar de novo, uma nova oportunidade para fazer melhor. Então, para mim, como carneiro que sou, tinha de mandar tudo para fora daqui, sentir que estava mesmo a mudar. Barato ou não, isso não me interessava, eu não queria olhar mais para aquele passado. Eu dava uma conotação pesada a certas peças e não queria vê-las…

Os primeiros 3 meses de burnout eu ganhei aversão à marca. Na minha cabeça, a culpada de eu estar doente era a marca. Então até as cruzetas, as caixas, os fechos para costurar eu vendi — botões, tudo. Para mim, a Bauy era a grande causadora do meu estado de saúde. Esteve em cima da mesa a hipótese de vendê-la, estive muito perto de o fazer… mas o tempo foi passando, e a minha avozinha já a sabia toda e era analfabeta: “Filha, o tempo cura tudo e explica também”… 🌿

E assim foi. Decidi não vender. Percebi que o problema não é o externo, mas sim o interno: o valor que depositamos nas coisas, a importância que lhes damos e o peso que deixamos que elas tenham no nosso psicológico…

Algo que aconteceu no teu passado não te pode fazer mal, só se tu deixares, mas tu, como ser humano agarrado ao drama — porque é o que o humano adora — agarras-te ao que te fizeram e culpas isso por todo o teu azar e todo o teu caminho, foi este o meu processo. Mas não. Azar todos temos; agora o que fazemos com eles já é outro assunto…

A Bauy não tinha culpa. Eu é que não soube desapegar do meu passado e das crenças que trouxe dele, não respeitei o que realmente tinha vontade de ser, a minha obsessão por querer agradar era tanta, de agradar o outro - o outro que nem se quer conheço!!

Perdi me, porque na realidade, a Bauy foi e é uma incrível aprendizagem constante. 💛


Vivi uma vida a querer agradar o outro porque, em casa, nunca nada do que fazia era suficiente, então não sabia viver de outra forma se não a tentar agradar o outro... aquela era a minha realidade, era o exemplo que eu tive de como se vive. Mas agora, adulta, escolho se quero viver neste mundo assim ou não.

E a resposta é não. Não quero. Por isso, rapidamente entendi todos os meus erros: fazia roupa para agradar os outros ou porque era o que estava na moda; fazia estampados para agradar o outro ou porque era o que estava na berra. Mas, na realidade, aquilo não me enchia o peito, eu não sentia felicidade plena com o que criava… Na última coleção senti: fiz o que quis, como quis, sem me preocupar se alguém iria gostar. E fui tão feliz no processo.🎨✨

Claro que isto é tudo muito bonito, mas temos contas para pagar — devem estar a pensar alguns de vocês. Mas a realidade é: quando trabalhamos de dentro para fora, a coisa corre muito, flui muito melhor, a frequência que vibras traz o que precisas. E eu, naqueles dois dias, vendi o equivalente ao que a Bauy antiga vendia em 10 dias.

Passados alguns bons meses de pausa, felizmente concluí que vou trabalhar a minha vida inteira, por isso, eu tenho de gostar do que estou a fazer, por isso bora lá fazer o que gosto. 💪🔥


Passando uns capítulos à frente noutra altura… hei de chegar lá.

A Vinted deixou de fazer sentido, para mim, por um motivo muito simples: hoje em dia, os meus rascunhos de desenhos e sweaters únicas que coloco lá não são algo de que eu me queria desfazer. São peças feitas com gosto. E aí o erro foi meu, de não ter percebido que, cá dentro, a intenção da venda mudou. Se mudou, a plataforma de venda também tem de mudar. Porque ali, quanto mais barato, melhor, e regateia-se ao máximo. E está tudo certo, nada contra. Mas dentro de mim sentia que estava a tirar valor ao que eu estava a fazer com amor.

Por isso…

A Bauy tem agora uma secção de “LITTLE ORIGINALS”. São todas as minhas experiências, todos os desenhos que quis fazer, que quero testar, são esboços, estudos de telas que quero fazer, etc. Eu sei, que pode ser muito confuso para quem está desse lado ver um desenho a 4€ e um quadro a 300€.


A dar o valor — se há coisa que nunca me senti a faltar ao respeito a mim própria — foi a precificar. Um valor que seja mais em conta, para mim, não significa - “não estás a dar valor ao teu trabalho, Diana”.

Significa, sim, que estou a dar oportunidade a pessoas que se calhar não têm tantas possibilidades de comprar a artistas porque é sempre tudo muito caro. E eu gosto de ter coisas acessíveis e coisas mais exclusivas. E por aqui irão ver sempre muito disso. 💛✨

Se há coisa que respeito é dar o preço ao meu trabalho. Eu vivo muito bem comigo própria a dar um valor de 4€ a um desenho de 14x14cm. Tem a ver com a minha entrega nele. Muitos deles serviram o seu propósito — aliás, a maioria deles, vendidos a esse preço, serviram para me ensinar: uma técnica, uma conjugação de cores, um material novo, uma mistura, uma composição. Eu testo muito. E vou assim descobrindo o que gosto mais, que técnica gosto mais, que mistura, que material.

Por isso, esse desenho serviu me. E a partir do momento em que me serviu, ele pode circular para um lar ou para um lugar que o queira assim, daquele jeito bom — para decorar; para fazer alguém feliz; porque a frase significa algo para alguém; o que for… Prefiro mil vezes vendê-lo a 4€ do que ter aqui caixas e caixas com eles lá dentro a ganhar marcas do tempo. 📦✨


Por isso sim, eu vendo desenhos a 4€, mas também vendo desenhos a 190€, 250€, 300€, etc.

O preço vem do valor, do propósito, do quanto de mim existe naquele trabalho.

Quem sabe encontras algum que te lembre alguem que ainda não compraste prenda!

Encontra os aqui!

😍🎨

Com amor,
Diana 💛✨

28 de novembro de 2025 — Diana Nobre